Sustentabilidade na Logística: Eficiência e Responsabilidade nas Operações Globais

Sustentabilidade e eficiência logística: práticas modernas para reduzir impactos ambientais, otimizar operações e gerar valor.

Em um mundo onde temas como a preservação de recursos e a segurança das operações assumem, cada vez mais, elevados graus de importância, a logística ocupa um papel central nos debates sobre sustentabilidade e eficiência. A terceira sessão da Reunião de Cúpula do G20, que ocorre hoje no Rio de Janeiro, reforça a importância de práticas sustentáveis e da transição energética para transformar cadeias de suprimentos globais. As resoluções do G20 podem impulsionar políticas e regulamentações que exigirão das empresas maior transparência e comprometimento com práticas sustentáveis em suas cadeias de suprimento.

Como consequência, a busca por modelos mais sustentáveis irá impulsionar as empresas a repensarem suas práticas, desde o reaproveitamento de materiais até o transporte e armazenamento de substâncias de alto risco. Nesta publicação, exploramos como a sustentabilidade, a logística reversa e a gestão de riscos podem ser integradas, visando promover cadeias de suprimentos, que não apenas respondam às exigências regulatórias, mas também criem valor e garantam resiliência frente aos desafios contemporâneos.


Sustentabilidade como Base para Cadeias de Suprimento Resilientes

Nos últimos anos, a sustentabilidade deixou de ser uma simples tendência, para se tornar um pilar essencial da logística moderna. Com consumidores mais conscientes e regulamentações mais rigorosas, as empresas precisam adotar práticas que reduzam suas emissões de carbono, evitem desperdícios e protejam o meio ambiente. A logística verde, por exemplo, busca otimizar rotas de transporte, reduzir o consumo de combustíveis fósseis e implementar tecnologias que aumentem a eficiência operacional. Esses esforços não apenas minimizam o impacto ambiental, mas também geram economia ao longo das cadeias de suprimentos.

Um exemplo claro dessa transição foi observado em grandes empresas globais, como a Ikea, que atua na área de decoração e implementou uma série de medidas, visando zero emissão nas suas entregas em 2025, como o uso de veículos elétricos dentre outras soluções. A empresa também investiu em sistemas de monitoramento, que otimizam a sua logística de entrega. Com isso, além de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, a Ikea conseguiu diminuir os custos operacionais de sua cadeia de suprimentos.

Princípios da Economia Circular
A economia circular se baseia na eliminação dos desperdícios, na reciclagem de materiais e na proteção ambiental.

A sustentabilidade também ganha força com a economia circular, um conceito que redefine a forma como as empresas lidam com o consumo de recursos. Em vez de descartar materiais após o uso, a economia circular promove o reaproveitamento contínuo, seja pela reciclagem ou pela transformação dos resíduos em novos produtos.

Além da redução de custos com insumos e energia, empresas que adotam práticas sustentáveis conseguem acessar novos mercados, onde a preferência por marcas responsáveis pode traduzir-se em crescimento de receita. Essas empresas não apenas melhoram a sua reputação junto a consumidores e investidores, mas também desenvolvem cadeias de suprimentos mais resilientes a crises econômicas ou flutuações na oferta de insumos naturais. Isso está alinhado a uma visão mais ampla de logística, onde a eficiência operacional e a responsabilidade ambiental têm, juntas, um mesmo propósito.


Logística Reversa: O Ciclo Contínuo dos Recursos

Um dos elementos mais visíveis da economia circular na logística é a logística reversa. Este processo trata do retorno de produtos, embalagens e materiais ao ciclo produtivo, permitindo seu reaproveitamento ou descarte responsável. No Brasil, iniciativas como a Política Nacional de Resíduos Sólidos criam um arcabouço regulatório que incentiva as empresas a gerirem adequadamente seus resíduos e produtos pós-consumo.

Logística Reversa no Comercio Eletronico
O aumento das operações pelo comércio eletrônico trouxe como consequência a necessidade ainda maior da estruturação da logística reversa nas cadeias de suprimentos.

O crescimento do comércio eletrônico intensificou ainda mais a importância da logística reversa. Com o aumento das devoluções de produtos comprados online, as empresas precisaram estruturar processos eficientes para gerenciar o fluxo de retorno. Nesse sentido, marcas como a Natura, que implementou programas de devolução de embalagens em suas lojas, mostram como a logística reversa pode ser integrada de forma estratégica. Além de reduzir o impacto ambiental, a empresa fideliza clientes ao associar a sua marca à sustentabilidade.

As possibilidades da logística reversa são amplas. Embalagens retornáveis, como garrafas de vidro ou botijões de gás, podem ser reutilizadas após recondicionamento. Outros materiais, como plásticos ou óleos lubrificantes, passam por reprocessamento, que os transformam em novos produtos. Mesmo em casos em que o reaproveitamento não é possível, o descarte adequado garante a mitigação dos impactos ambientais, especialmente para resíduos perigosos como baterias ou eletrônicos.

Embora os fluxos reversos possam parecer um custo adicional, empresas que os utilizam estrategicamente conseguem acessar mercados seletivos que valorizam essas práticas sustentáveis. Além disso, tecnologias como inteligência artificial e sistemas de rastreamento permitem otimizar o processo, reduzindo custos e aumentando a eficiência.


Segurança e Sustentabilidade na Gestão de Cargas Perigosas

Embora frequentemente discutida sob a ótica ambiental, a sustentabilidade na logística também inclui a segurança operacional. Este aspecto é particularmente crítico no manuseio de cargas perigosas, como combustíveis, produtos químicos e materiais radioativos. Essas substâncias apresentam riscos significativos ao meio ambiente e à saúde, exigindo normas rigorosas para transporte e armazenamento.

Explosão em Beirute
A explosão em Beirute trouxe à tona a discussão sobre o desrespeito às recomendações de segurança na manipulação de produtos perigosos.

A explosão em Beirute, em 2020, causada pelo armazenamento inadequado de nitrato de amônio, trouxe à tona as consequências devastadoras da negligência na gestão de cargas perigosas. No Brasil, a regulamentação da ANTT exige que o transporte dessas substâncias seja realizado com sinalização adequada, documentação completa e inspeções periódicas dos veículos. Medidas adicionais, como controle de temperatura e ventilação em áreas de armazenamento, são essenciais para evitar reações químicas ou vazamentos. Tecnologias como o blockchain permitem rastrear cada etapa da movimentação de cargas perigosas, garantindo transparência e integridade dos dados, enquanto a IoT oferece monitoramento em tempo real, reduzindo riscos de vazamentos ou acidentes.

A segurança também depende do treinamento das equipes. Os profissionais precisam estar capacitados para lidar com emergências e executar as operações de forma eficiente e segura. Além disso, o uso de tecnologias avançadas, como sensores de monitoramento e sistemas de rastreamento em tempo real, complementa as práticas tradicionais, aumentando a confiabilidade das operações.

A conexão entre segurança e sustentabilidade é clara. Minimizar riscos significa proteger o meio ambiente, evitar danos às pessoas e garantir a continuidade das operações. As empresas que demonstram responsabilidade na gestão de cargas perigosas fortalecem sua reputação e garantem conformidade com as exigências regulatórias, alinhando-se às expectativas sociais.


Integração como Estratégia para o Futuro

Sustentabilidade, logística reversa e gestão de riscos podem parecer práticas distintas, mas estão profundamente interligadas em cadeias de suprimentos modernas. A logística reversa amplia a economia circular ao reduzir o desperdício, enquanto a segurança na gestão de riscos garante que os processos sustentáveis sejam realizados sem comprometer operações críticas. Quando integradas, essas abordagens criam cadeias de suprimentos mais resilientes, alinhadas às demandas do mercado e preparadas para os desafios futuros.

A Unilever é um exemplo prático dessa integração. A empresa combina o uso de materiais reciclados em suas embalagens com fluxos eficientes de logística reversa e protocolos rigorosos para o transporte de produtos químicos. Essa abordagem integrada não apenas reduz seus custos e os impactos ambientais, como também reforça a posição da Unilever como líder em sustentabilidade.

As empresas que conseguem integrar essas práticas consolidam-se como referências em inovação e responsabilidade. Além de atenderem às regulamentações, elas criam valor para seus consumidores e investidores, contribuindo para um futuro mais equilibrado e sustentável. Além disso, encontram mais facilidade no acesso a financiamentos verdes, fidelização de clientes conscientes e vantagens competitivas em mercados mais exigentes.

A logística moderna é desafiada a ser eficiente, segura e sustentável ao mesmo tempo. Isso exige a adoção de práticas integradas que vão além do cumprimento de normas. Sustentabilidade, logística reversa e gestão de riscos são partes de uma mesma equação que busca otimizar recursos, minimizar impactos ambientais e garantir operações seguras. Mais do que uma tendência, essas práticas são um compromisso com a excelência e a preservação do planeta.


Referências

BBC. Explosão no Líbano: De onde veio e para onde ia o nitrato de amônio que causou explosão em Beirute. Acesso em: 19 nov. 2024.

IKEA. Zero emission IKEA deliveries. Acesso em: 19 nov. 2024.

Natura. Lixo: como a Natura se responsabiliza pelos resíduos de embalagens. Acesso em: 19 nov. 2024.

Unilever. Leading in the next era of corporate sustainability. Acesso em 19. nov. 2024

Categorias: : Logística Reversa, Segurança, Sustentabilidade

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